terça-feira, 24 de setembro de 2013

Quadros expostos na IV FLIMAR - FEIRA LITERÁRIA DE MARECHAL DEODORO - ALAGOAS - SETEMBRO DE 2013










 FIAT LUX: PINTURA DE CALTABIANO
A mão que afaga é a mesma que apedreja; A boca que beija é a mesma que escarra; A luz que clareia é a mesma que cega: tudo questão de intensidade!
Risco assumido, serviço feito, eis a obra.
Assim é que ocorre com as telas de Caltabiano - persona de Maria Cecília, pintora alagoana -, a muita energia empregada estira fibras de cor (coração da pintura), de onde o nó da questão: o deixar-se perder no próprio ato, devorar-se pela criatura, empastelar o quadro.
Faca que seja só lâmina engendra um conflito bem romanesco, posto que ação. Faíscas sobram de um duelo ao meio-dia, enquanto florescem carnívoros brotos e retornam canoas vazias. Daí a vinculação com Graciliano e Diégues, homenageados da FLIMAR 2013. É um sol que sangra solitário no quadro e cita Vidas Secas; é a encenação da memória que remete a Zumbi.
Conflito armado pelas cores e formas que urde um enredo e associa a trama do texto ao tecido da tela em ambos os casos suporte e matéria do trabalho artístico na literatura, no cinema, na pintura.
Algo acontece. O verbo se faz carne e prolonga os elementos brutos à condição de metalinguagem sobre o desafio de criar a partir de tão poucos recursos. Mais visceral que cerebral, a pintura de Caltabiano transborda sua dramática exuberância o mar literário de Marechal Deodoro.
Francisco Oiticica

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